sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Jardim de diamantes



Os rios abriram túneis em montanhas
Cristalizados pelas águas límpidas…
Garimpei desenterrando das entranhas
De lamacentas terras, pedras auríferas

Explorei na preciosidade diamantada
Alagamentos de suores lavrados…
Extraí da mais bela pedra abrilhantada
Cintilantes diamantes desejados

Ergui para os céus uma luzente safira
Num sumptuoso rio, inundado de orgulho…
Melodiosas lágrimas escorriam alegria
No leito de um berço pérola futuro

Outra jóia surgiu no mundo das colinas
O estrondear dos tesouros que colhi…
Inebriante pedra polida em rimas
Aclamei a meus braços um rubi

Lapidei das minhas próprias tristezas
Diamantes de gema em cofre de cristal…
Garimpeiro das pérolas e riquezas
Flutuando na corrente em água mineral

Da delicada esmeralda transparente
Raiaram preciosas pedras brilhantes…
Apenas rocha dura mas amante contente
Vou regando meu jardim de diamantes
.
-Manzas-

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Há dias…


Há dias…
Em que acordamos chuvosos
Ensopados em saudades choradas
Sentimentais, românticos
Emotivos, fantasiosos…
Amarrados em manhãs geladas

Há dias…
Em que acordamos nublados
Feridos num sentimento atroz
Tristes, magoados, derrotados
Solitários, desesperançados…
O mundo desmorona-se sobre nós

Há dias…
Em que acordamos ensolarados
Invadidos de raios esperançosos
Quentes, vibrantes, animados
Alegres, Iluminados…
Sonhadores de desejos amorosos

Há dias…
Em que acordamos radiantes
Apaixonados de corpos suados
Entrelaçados, ansiosos, ardentes
Colados, amorosos amantes…
Agitados em momentos amados

Há dias…
De angustias, tristezas,
Sofrimentos, solidão,
Amarguras e agonias…
Há horas de incertezas
Manhãs de escuridão
Tardes em reflexão
E sombrias noites frias…
Há momentos engraçados
Contentes, emotivos
Radiantes, vibrantes,
Divertidos e abrilhantados…
Há instantes de prazer
Loucuras, quimeras
Amantes, extravagantes
Em loucas fantasias…
Há dias…
.
-Manzas-

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Perfeito...


Perfeito…
É o cantar dos pássaros
O flutuar do beija flor…
É sentir o perfume
Nos fortes abraços
E beijar sentindo amor

Perfeito…
É o bater do coração
É o nascer e o pôr-do-sol…
É avistar no céu o luar
E flutuar na visão
De ver peixes sem anzol

Perfeito…
É o nascer de uma criança
Os animais e a natureza…
É plantar uma árvore
E esperar com confiança
Que cresça com leveza

Perfeito…
É simplesmente acordar
É sentir o rodar da terra…
Escutar o vento soprar
Avistar estrelas brilhar
E ver que o tempo também espera

Perfeito…
É o voar de um falcão
É o gelo da montanha…
É o ouvir da melodia
Que entra no coração
Sentimento que nos encanta

Perfeito…
É sonhar nos teus braços
É escrever poesia em papel…
É sem asas, voar mais alto
Da tua colmeia tirar pedaços
E saborear-te, favo de mel

Perfeito…
Perfeito pode ser tanta coisa…
Pode ser tudo…
Muita ainda que não vi…
Embora seja imperfeito
Sinto no meu peito
O mais que perfeito…
Amor por ti
.
-Manzas-

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Louco poeta


Sonhador do mundo imaginável
Planta versos de talento no tempo…
Beija frases com um olhar afável
Ergue no seu mundo… o alento

Escreve louco de amores platónicos
Atravessa rios de sentimentos…
Tropeça em confusos sinónimos
Inunda-se em contentamentos

Levanta gigantescas muralhas
Transforma oceanos em desertos…
Dos jardins cria campos de batalhas
No presente, Descreve futuros incertos

Navega mares na corrente da poesia
Rasga horizontes com o seu batel…
Desembarca nas ilhas da fantasia
Voa nos céus com asas de papel

Abre as portas do seu peito
Ri e chora de emoções…
Separa lágrimas com jeito
Reparte pedaços a outros corações

Sem nada saber
Sem nada dizer
Sem nada falar…
É um simples ser
Que expõem o seu pensar
Proferindo a frase certa…
Ao descrever o seu ver
Distingue-se ao escrever
Como um louco poeta
.
-Manzas-

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Voo de Condor


Escalei o cume do monte
E com ele vi o nascer do dia
Abri os braços pró horizonte
Saboreei o cheiro da maresia

Serrei os olhos para saltar
Em queda livre pela dor
Do voo rasante do olhar
Planei nos céus como condor

Sobrevoei universos
Conheci terras e mares
Bati asas em versos
De paisagens singulares

Extremo sentimento
De nada me poder alcançar
Podia naquele momento
Ver o mundo acabar
.
-Manzas-

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Taberna do cais seguro


Velha tasca encantada de velhos lobos-do-mar
Que no fundo de um copo buscam recordações…
Lembranças chegadas em travos de amargar
Em goles de negro vinho aquecendo corações

Debruçados ao leme na proa do balcão
Navegam mares e oceanos encrespados…
Atracam firmes redes em malhas da ilusão
Perdem o norte em balanços desordenados

Pescadores solitários, capitães das águas vivas
Marujos das batalhas em noites de tempestades…
Emborcam mágoas fundeadas em feridas
Nos seus cascos frágeis, embarcam as saudades

Mestres timoneiros, homens duros de barba rija
Contam histórias em memória dos tempos esquecidos...
Tempestades, temporais em salgada alma frígida
Agasalhados em contos, chorando os perdidos

Vogando nas visões de mãos calejadas pelo frio
Tremores de renitentes vozes do melhor ser…
Gritam mudos nos olhos abrilhantados no desafio
Num ranger de dentes para nunca o esquecer

Em risadas choram gigantescos feitos históricos
Atracam ânimos em portos de abrigo escuro...
Na popa da solidão arrastam fés de fantasmas Insólitos
Segredos guardados na Taberna do cais seguro
.
-Manzas-

O Desabafo


Amanhecer cinza em terra humedecida
Ventos desordenados empurravam escuridões
O sol em gélido frio tremeu na despedida
A chuva em incontáveis lágrimas calava ilusões

O orvalho se transfigurava em frio gelo
E com ele, temporais punhais de solidão
Amargo café madrugador com sabor a degredo
Trovoada inóspita de pensamentos em desunião

O canto das aves se abrigou nos ninhos
Nos bosques o nevoeiro cegou toda a visão
As searas de trigo foram varridas por remoinhos
Compulsivos batimentos do meu triste coração

Lamacentos rios desaguaram em lugar incerto
As avenidas se vestiram em seda vergonha
Num dia depois do ontem ficou encoberto
Por uma desilusão arrebatada e enfadonha

Acordei dormindo no meu sofrimento
Amarguei o coroado sabor do meu cansaço
Momentos singulares de perfil forte cimento
Exteriorizado no meu peito… em desabafo
.
-Manzas-

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

No Piano…


Sentada no balanço do teu ouvido
Tocavas com mãos seda teu piano…
Vestida de cor suave de um sorriso
Teus olhos mel me diziam…te amo!

Estrema sinfonia saia do teu peito
Chamas brandas de velas te abrilhantavam…
No aroma da paixão em tempo perfeito
Soltos, os teus cabelos dançavam

Em copos de cristal bebemos o fogo,
Dos teus lábios provei o doce sabor…
Verdadeiro momento melodioso
Pautado em perfeitas notas de calor

Estendeste-me tuas mãos macias
E convidaste-me para dançar…
Embalei em harmoniosas melodias
Com remoinhos sensuais do tocar

Apaixonadamente dançamos enrolados
Seduziste-me com arte de mestria…
No calor de nossos corpos ensopados
Realizamos por magia nossa fantasia

Em ofegantes suspiros, descansamos
Sobrepostos no sorriso libertador…
Loucos ensejos em que nos amamos
Deitados… No piano do amor
.
-Manzas-

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Ilha da fantasia


Abri meus olhos de alma ensopada
Salpicados pelo cheiro da maresia…
Na fina areia molhada o mar me acordava
Num manto de espuma branca, me dizendo… bom dia!

Um suspiro de força me fez erguer
O sol acalentou-me num forte abraço…
As aves coloridas vieram-me receber
A ilha me seduziu entrar em seu regaço

Á sombra do paraíso coberto de palmeiras
Os frutos frescos me sustentavam…
Na brisa da noite dançava com fogueiras
O vento e o mar em sintonia cantavam

Dos coqueiros saciava a minha secura
Entre terra quente e águas mornas cristalinas…
No oceano me banhava em plena loucura
Nadando com criaturas marinhas

Na cascata a bela sereia me visitava
A lua brilhava para que assim fosse…
Pró céu viajava quando me beijava
Nunca o sabor dos beijos fora tão doce

Na pequena ilha sonhando, adormecia
Desejando um dia mais ninguém ver…
Naufraguei em plena ilha da fantasia
E por ali permaneceria… Até morrer…
.
-Manzas-

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Mural das metáforas


Translação da mente em gente
Profundamente filtrada (e)nunciada…
Frentes de rios que flutuam na corrente
Desaguadas na incorporação do nada

Tropos complexos do pensamento
Figurados em estilo linguístico…
Palavras acarreadas pelo vento
Tomadas no discernimento místico

Duplicidade do reflectido significado
Roçando a esquina da incompreensão
Transferências do sentimento figurado
Em constantes permutas da ilação

Navegação do espaço pensado
Sintonia das comparações didácticas
Percorrido pelo celebro viajado
Em pleno mural das metáforas
.
-Manzas-

sábado, 10 de janeiro de 2009

Amor de coração aberto


Com aroma de seda te vi entrar
De véu translúcido pela porta do salão…
Pousastes no cadeirão brejeiro do olhar
Galeria dos dons da inquietação

Na insignificância do meu saber
A tua essência em arte quis pintar…
Em pura tela da paixão te quis ver
Desnudada em aguarelas a brilhar

Delicada escolha do rubor colorido
Pincelada em traços de imaginação…
A magia conceituava amor absorvido
Aglutinante transparência do coração

Em delírios de matizes e textura
Tons de beleza salpicaram pigmentos…
Num quadro original em arte de ternura
O misto de cores em relevos sedentos

Movimento abstracto em traços de luz
Tua pose agitava realidade intensa …
Do indivisível corpo sensual dispus
Imagem de tamanha luxúria e presença

O último retoque foi dado
O abstracto sobrepôs o figurativo…
Te debruçaste sobre o cavalete arrojado
Sorrindo, contemplaste o acontecido

Era apenas o teu coração purpurino
Que vi no cadeirão pousando para mim…
Retratado pelo afecto divino
Inteiro de brilho em fragrâncias de jasmim

Colori de ti, o que tens de mais harmonioso
O esplêndido interior completo…
Representado num quadro amoroso
Pelo meu amor de coração aberto
.
( pintura de Miguel Óscar Menassa "amor a corazon abierto" )
.
-Manzas-

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

O Abraço Amigo

.

No entrelaço de um genuíno abraço…
Desejo o teu toque, no meu, enlace fraterno de união
que explore o teu corpo neste amor sem vergonha em cima do mundo
Que teus braços me envolvam num aconchego divino
Fazendo desse elo o que liga o nosso coração
Ama-me (s)em mil motivos…
Que a tua alma roce a minha num voo sem rede
Envolto em um sentimento pleno de ternura
Que possamos viver um frenesim poético
Que nos sacuda da alma tamanha secura
Que o laço do abraço nos proteja
“E, se no meu colo, faltares…”
E nos embale numa dança expansiva
“que nos aqueça e alimente a alma”
Que sejamos todos UM, feito de múltiplos…
Quando o sol deixar de brilhar o mundo inteiro deixa de sonhar
Sempre o teu coração acalentou o meu

Obrigado pelo lindo poema…


Participação dos amigos…


http://fragmentusmeusteus.blogspot.com/
http://klictossan.blogspot.com/
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http://www.blogger.com/profile/10616721105710046955
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http://isabelfilipeartdesign.blogspot.com/
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http://umpouco-tudo.blogspot.com/
http://retalhos-xana.blogspot.com/

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Mar de lágrimas


No alto da falésia avistei o por do sol
Descendia sobre as calmas águas do mar…
Gaivotas sobrevoavam o horizonte em prol
Das palavras que ao oceano tinha para contar

Enalteci a sua bravura, a sua beleza e sua imensidão
Sorrindo a lua também quis escutar…
As estrelas brilharam em comunhão
O vento dançou com remoinhos no ar

O mar balançou ondas ao sentir
Elogios de alegria e vagas levantou…
A voz de um trovão se vez ouvir…
Quando lhe falei do meu amor por ti… O mar chorou
.
.
-Manzas-

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

O triste olhar


No triste olhar de uma criança espelha-se o sentimento
De um dia ver esperança transportada pelo vento
Infância sem pressa de crescer, sem pressa de acordar
Num triste amanhecer sem rumo certo a tomar

Numa lágrima prestes a cair dos olhos negros sem amor
Um sorriso teima em sair dos lábios selados pela dor
Olhar que perfuma a tristeza… Olhos penosos que nada esconde
Iluminados pela dureza onde a alegria mora longe

Universo sem ternura a mentira não sai
A verdade escapa nua e crua… O sorriso ses vai
Olha-me nos olhos com sinceridade, fixa o teu no meu olhar
Leva-me para a terra da felicidade para não mais chorar


Diz-me! Que posso ser uma criança, Diz-me! Que posso brincar
Vivo na ignorância, diz-me pelo menos que vais tentar…
Gostava não mais ter fome, gostava não mais ver guerras
Que querem que me torne? Numa criança sem regras?

Do pouco que tenho, divido contigo e reparto migalhas do nada
Poderiam fazer o mesmo comigo? Fiz a pergunta errada…
Continuarei a ser a criança, mas já sem força para sonhar
É só esta a diferença… Que me faz este triste olhar
.
.
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-Manzas-

sábado, 3 de janeiro de 2009

Reencarnação


Foi em tempos… há muito tempo
Um tempo longínquo que já não sei…
Recordadas no momento de um pensamento
Pergaminhos da memória que furtei

Dimanei num berço dourado
Príncipe de Reis abastados do amor
Enrodilhado de pura seda, assim fui cuidado
Castas doutrinas sem sabor da dor

Cavaleiro de espada em punho
Arrebatei conquistas em duras batalhas
Procurei o norte, mas sem rumo
Atravessando cercas e muralhas

Em gritos de júbilo fui coroado Rei
Em temporais de decisões sedentas…
Pelos prados de trigo cavalguei
Aprisionado em minhas tormentas

Mendigo me tornei de outros horizontes
Profetizado por mandamentos antigos
Saciei minha sede em desertas fontes
Desenterrando da terra inimigos

Mensageiro de uma escravatura
E amante do fruto proibido…
Me deleitei em searas de amargura
E no exílio de meu pensar fui banido

Naveguei em oceanos como pirata
Capitão
dos saqueados sonhos dourados…
Amante e conquistador de prata
Nas camas de damas dos peitos desnudados

Fui um velho pescador de redes rasgadas
O taberneiro dos cálices vazios…
Filho das águas acorrentadas
Pai dos sentimentos frios

Hoje sou um oleiro reencarnado
De mãos sujas do barro que moldei
Sem asas de santo, mas amado
Por outras vidas que congreguei

Senhor errante do mundo actual
Confiante no que diz o coração
Poeta da vida sem manual…
Tentando reencarnar noutra reencarnação
.
.
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-Manzas-

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Disfarçados mascarados



Na timidez se ergueu o velho salão
Levantado a um ritmo de fantasia
No átrio entrei e espelhei-me no chão
Ao som da melodia que não se ouvia

Estranhos mascarados convidados
Perdidos nos olhares desconcertantes
Num aprumado de trajes usados
Na busca de um par de amantes

O baile iniciava num estranho dançar
De tristes máscaras e cores garridas …
Na desfigurada cortesia do rodopiar
Trocavam pares de fantasias proibidas

Uma leve ignorada mão me puxou
Num olhar contagiante de imaginação
E sem tirar a máscara me beijou
Arrastando-me para o meio do salão

Num devaneio, sua boca quis beijar
E com ela dancei em pura aventura…
Seu rosto quis ver, chegando a desejar
O seu corpo desnudada na plena loucura

Na cegueira de minha demência
A desconhecida oculta com outros dançou …
Afastou-se numa total displicência
Em interditos movimentos, outros beijou

Dirigi minhas mãos a meu rosto
Procurei minha máscara, mas não encontrei
Perguntei-me… Será que a tinha posto?
E para dentro de mim olhei…

Abracei o exterior empurrando o portão
Ausentando-me de olhares demarcados
Sem o dom da visão e cegos por opção
Das máscaras dos disfarçados mascarados
-Manzas-