sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Talvez um dia… quem sabe!


Ah! Se eu soubesse o que sentes por mim…
Talvez um dia… quem sabe!
O mar levantaria vagas em cetim
Abrir-se-iam caixas de segredos sem chave

No teu chão plantaria as minhas raízes
E delas brotariam flores com sorrisos teus…
No dorso de um lago deslizariam os cisnes
Graciosos teus olhos mel adoçariam os meus

Pintaria em tons de plumas de pavão
Silhuetas tuas, salpicadas a sabor alperce…
Em outros horizontes galoparia pela monção
Abafando o fogo que arde, coração que enlouquece

Subiria ao cume de um vulcão em chamas
Pelos trilhos das tuas veias, lava incandescente…
Amar-te-ia na cama das nuvens passageiras que amas
E cairiam gotas de prazer, chuva dissolvente

Na tua ribeira lisonjeira saciaria a minha sede
Que seca minha boca savana, gretada paixão…
Te beijaria como um beija-flor pelo prado verde
E alto bradaria aos céus como um trovão

Em Lençóis de algodão doce saboreava-te até ao fim
E o Mundo despertaria tardiamente tarde…
Ah! Se tu soubesses o que sinto por ti…
Talvez um dia… quem sabe!
.
-MANZAS-

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Melhor sorte!


Derramo pelas mãos escritas em palavras
Sentimentos de pensamentos desfiados…
Dispo a alma em poesias desvendadas
Expondo-as sem temer trilhos apagados

Mostro meu corpo desnudado da vida
Á luz de estrelas penduradas ao anoitecer…
Faço voos nas memórias de cabeça erguida
E elevo a falta das asas que descubro não ter

A noite vagueia em gélido sepulcro de lamento
Em controversas rajadas de vento forte…
Tempestades que caminham no meu tormento
Felicidade que foge apressada sem norte

Transporto na âncora da pequena canoa
Tamanhas facetas, sonhos e segredos…
Remo contra correntes que deslizam á toa
Afogando revelações desertas de medos

Venho á tona com o ato de poetizar
Fazendo-me transportar para lá do infinito…
Espanto fantasmas que teimam em assombrar
Os meus egos, abortados por um grito

Grito que urge num som abafado pelo amor
Perfumando palavras que afastam a morte…
Num silêncio ensurdecedor da minha dor
Enfrento vingar o mal…mas com melhor sorte!
.
-Manzas-

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Um momento


O mundo adormece na cama do céu
Enquanto permaneço acordado no teu roseiral…
Vigilante no teu galante corpo, rosa sem véu
Batem janelas inquietas, pétalas em temporal

A voz dos teus olhos falam-me em veludo,
Esvoaçantes borboletas salpicam alegrias…
Na tua pele rosada estremeço e aludo
A luz rubra dos lábios tocados em sinfonias

Chegas até mim na concha fina da areia
Com olhar fogo, luz de amor a brilhar…
Sorrisos de cetim flutuam da tua boca sereia
E dizem-me beijar junto á espuma do mar


Com sabor a sonho, acendes-me o rastilho
Que arde pela garganta do rio que foge…
Na neve imaculada contigo compartilho
O meu fado entalhado em metamorfose

As flores emprestam-me o teu perfume
Na planura dos meus lençóis em desordem…
As andorinhas trazem ramos do teu queixume,
Sonhos guardados em lembranças que me mordem

O barco içou no ar, velas na estrofe por dizer
E navega aguarelas pintadas ao vento…
Irredutível o desejo tangível de te querer
Adormeço por fim… um momento
.
-Manzas-

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Chamar por ti...




A noite adormecia na madrugada
Onde o silêncio sonegava a neblina…
Os charcos se agasalhavam na manta geada
Onde se espelhava a tua imagem cristalina

O bosque verdejante ocultava o teu odor
E as árvores enraizavam-se em tristezas…
No desassossego, margeava rios de amor
Farejando-te nos trilhos das incertezas

Bebi da escuridão a sede de te encontrar
Afincando garras nas tuas pegadas…
Com olhos selvagens fixei-me no teu olhar
Furtando o brilho das estrelas elevadas

Temido por uns e por outros, odiado
Percorri de corpo agastado, florestas tremendas…
No bordado território de terreno pesado
Uivava ventanias trazidas em tormentas

Nos atalhos da bruma em terra insondada
Insubmisso, galguei cercas para te acoitar…
Á distância, abalas de mim na enseada
Encovadas esperanças de te encontrar

Na floresta do mundo acenderei o fogo
E seguirei o teu rasto até ao fim…
Quando ouvires alto, o uivo de um lobo
Lembra-te! … Sou eu a chamar por ti

.
-MANZAS-

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Poesia…


Poesia! Tu és versos tatuados no papel
Em rabiscos de letras que se agrupam…
És Pena que desliza como um batel
Em correntes de frases que se aludam

És folha seca que cai no Outono
Em chão varrido pelas asas do vento…
És chuva melancólica que em dia morno
Abate-se no coração em jeito de alento

És flor regada pelas gotas do orvalho
Em auroras perfumadas do despertar…
És o queixume do coração em retalho
Lavado no rio que leva segredos ao mar

Poesia! Tu és o rasgar dos horizontes
Que propicia a saudade de quem a lê…
És águas sedentas que jorram das fontes
O colorir das fantasias que não se vê

És o vestir dos trajes de um paraíso
Saciados com suores dos pensamentos…
És o dançar ao som de um sorriso
Num chão de nuvens em desfasamentos

És a essência desfocada do amor
Que aprisiona tempestades de alegria…
És alcançar infinitos mundos com o rigor
De poetizar tudo… porque tudo é poesia

.
-Manzas-


sábado, 14 de fevereiro de 2009

Vencerei!


O sol acende a tímida luz do dia
E embarco na viagem que nunca faço…
Abraço manhãs no seio da chuva fria
Desbravo os ventos em trilhos do acaso

Atravesso longos dias em silêncio
Com os lábios secos pela vida…
Rego esperanças largadas no bom senso
Roço contornadas esquinas em ferida

Alagados são os dias a meus olhos
Em que mergulho nas vagas do universo…
Deambulo avenidas cheias, aos molhos
Esbarro no diverso mundo controverso

A dolência cai no meu alto parapeito
E envio missivas de desespero aos céus…
Rasgo horizontes inundados por defeito
Atraco nas margens dos magistrados réus

Bato portas nas forças do meu pensar
E luto nas margens dos penhascos…
Tenso negrume saqueia á lua o luar
Espinhos que esfacelam pensamentos vastos

Se não mudar o que faço hoje, o amanhã será igual
É o lema pelo qual luto e sempre lutarei…
Enfrentarei mesmo só, esta batalha desigual
E com a arma certa, sempre, sempre… vencerei!
.
-Manzas-

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Carta lacrada




Redigi de ti no pulsar do meu ser
Infinidades, numa carta guardada...
Que o sol não nascerá sem saber
Se tu... estarás acordada

Que as pedras do chão se cobrirão
De frescas rosas, pétalas vermelhas...
Onde teus pés suaves deslizarão
Em mil luxúrias de centelhas

Que o grito dos ventos em fúria
Ecoarão por não te ver sorrir...
O mar se tornará vazio e na lamúria
Gaivotas em terra poderão cair

Que o universo irá girar ao contrário
Se por um segundo ficares amargurada...
Os rios ficarão desertos no estuário
Da poesia, trazendo a madrugada

Que os nós apertados nos apertos
Do meu dócil coração sem mãos...
Te acariciariam nos balanços dos berços
Em subtileza margeada de beijos sãos

Que sem ti, o gelo derreterá abundante
Nas planícies do meu peito...
No jardim brotará a rosa errante
Murchada na descrença por defeito

Que por ti, treparia o mais íngreme penhasco
De olhos cerrados só para te ver...
Em sumptuosas enfurecidas tempestades
Caminharia num deserto até morrer

Que a ti, te daria toda a minha vida
Sem fôlego ficaria no interior de mim...
Contigo viveria cem anos, menos um dia
Para não ter o desgosto de viver sem ti

Que por desenterrares de mim
Tamanha fortuna guardada...
Reparto a lágrima que cai por fim
Fechando assim... esta carta lacrada
.
-Manzas-

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Prisioneiro


Coabito num instante fugaz
Acorrentado ao infinito amor…
Desamarro liras que me traz
Incensos ardentes…de odor em dor

Ofuscado nos meus sentidos,
Transpiro o furtar do teu fôlego…
Apunhalado pelos errantes delírios
Escorrego na solidão do desaforo

Os ventos refrescam a boca sofrida
Aprisionando nas grades, o desejo…
Solto um leve grito em voz dorida
O profundo sussurro de um beijo

Fervilha as veias atadas em desalinho
Queimando o sol que ilumina o negrume…
No queixume respiro dormindo
O silêncio deserto do teu perfume

O luar ausenta-se do meu peito,
Cerro dentes no fio frio que me vences…
Articulo a tua ausência sem jeito
E danço no fogo quando me sentes

Abrigo-me prostrado na demência
Enleado nas correntes do devaneio…
Na teia tecida pela dependência
Aqui permanecerei teu prisioneiro
.
-Manzas-

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Saudades de quem nunca vi


Lá fora chove o calado momento
Que repassa na alma, ansiedades…
Saltam inquietas chamas de dentro
Do meu peito, alagadas saudades

Com frios dedos por não te tocar
Incendeio a razão que me ilumina…
O trovão estoira silenciando o sonhar
De sentir tua boca colada na minha

A noite suspira num suave vento
E rouba às flores o perfume de ti…
Sobrevoa oceanos banhados de alento
Que chegam como um jardim… até mim

Os rios se unem em abraços
Com luz de sol em raios de beleza …
Sublimes rosas desfolhadas em estilhaços
Resvalam nos muros da destreza

No beiral da janela do meu cogitar
Morro na saudade que criei…
Respiro o ar que me traz o teu olhar
Como um retrato que imaginei

Na angústia apertada do sossego
Tentas fugir, mas não escapas de mim…
Salta de dentro do meu aconchego
Saudades de quem nunca vi
.
-Manzas-

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Segredos…


Num velho banco de um jardim antigo
Repousei meu sentimento cansado…
Segredou-me levemente ao ouvido
Silêncios que com ele tinha guardado

O sol surgia e suas tábuas aqueciam
Momentos sólidos de manhãs frias…
Lágrimas de orvalho se despediam
Algemando no chão, gotas feridas

Em si, sentava misteriosos contos
Tardes noites e madrugadas sumidas…
Desabafos bocejados em desencontros
De velhos cansados de suas vidas

Juras de estranhos amores perdidos
Arrancados em fragrâncias de jasmim…
Abraços em ternos beijos esquecidos
Oferecidos pelas flores do jardim

Os pássaros desciam cantando
E a seus pés comiam migalhas dadas…
Das árvores caiam folhas chorando
Por não mais, serem cuidadas

Entre paixões e sonhos acabados
Em adormecidas tristezas escutadas…
Outros se sentavam encantados
De alegres histórias passadas

Escutei atento do velho banco
Confissões reveladas sem medos…
Perdido, debrucei-me no seu encanto
E com ele partilhei meus… segredos
.
-Manzas-

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Dedilhada



A noite cala coberta
Num manto ardente
Pela cadência marcada…
Dança com ela discreta
A estrela cadente
No toque (em)balada

Harpa que murmura
Notas soltas ao vento
Entoando poesia…
Sintonia pura
De um momento
Em teu corpo fantasia

Soltas suaves acordes
Ecoando a melodia
Desvendada em segredos…
Lira que mordes
Em momentos de harmonia
Misteriosos enredos

As luzes se apagam,
O silêncio brota no ar
Em bosques e mares…
Desertos que alagam
Prazeres a desaguar
Sons dos teus cantares

Com voz harpa sussurrastes
Amarrada á virtude
Casta e cuidada…
Perfeita, fantasiastes
Na plena magnitude
E com ela foste … dedilhada

.
-Manzas-