quinta-feira, 16 de abril de 2009

Pescador de sonhos!


Nos lençóis de seda em mar sereno
Tocam os dedos de um sol madrugador…
Desperta o planar de uma gaivota
No desabrochar de uma fina flor

Desamarro das margens do rio
Batel pintado com cheiro de jardim…
Redes enleadas no engodo do amor
Veste-se tímida a manhã num cais de cetim

Zarpo ao encontro do sol
Horizontes onde as sereias cantam …
Erguem-se nas caudas de fabulosas baleias
Salpicos de magia, sonhos que se agigantam

Nascem os medos das tormentas
Tempestades sem eira nem beira…
Recolho versos e remo com braços de velas
Rumo às vagas, oceanos sem esteira

Liberto às estrelas o olhar
Que transborda sonhos de menino…
Com olhos de luz aprende a sonhar
Conta fixadas estrelas em desalinho

Desamarram-se no fundo, os corais!
O velejar da poesia em que mareio…
Abrem-se as conchas jogadas ao mar
Búzios ecoam nas nuvens do devaneio

A lua faz-me acreditar!
Os rios desaguam esperança…
O horizonte estende-me a mão
Rasgam-se sorrisos de criança

Atlânticos enchem-se de luz
A garça sem par voa em bandos…
O vento amarra o tempo em remoinhos
Saltam golfinhos, o grunhir dos encantos

Abro as janelas á imaginação
O isco é lançado na rota de um navio…
Inundo a alma no azul profundo
Barcaça que flutua no desvario

A lua despe o véu deixando cair o luar
Com ele descendem estrelas e sonhos risonhos…
Mergulho os anzóis ao fundo dos céus
E somente serei, um pescador de sonhos!
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***
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-Manzas-

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Suspenso no tempo!


Desperto encostado á escura noite
Na velha e dura calçada do relento…
Na cama onde a chuva é açoite,
Agasalho-me com lençóis feitos de vento!

Cama onde a raiva se acende e inflamam,
Sonhos ardentes queimados em medos…
Pesadelos despertados que derramam,
Suores de Ilusões que escapam pelos dedos!

Suspenso às nuvens fica o sonho sustado,
Observado pelos tempos que passam revoltos…
Na cama da ilusão permaneço fustigado,
Aos indiferentes ventos que sopram soltos!

Exposto em céu aberto fico á deriva
Como grão de areia perdido, jogado ao vento…
Na cama do horizonte adormeço sem guarida
Aguardando um abrigo… suspenso no tempo!
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Uma boa semana para todos!
-Manzas-

terça-feira, 7 de abril de 2009

Varanda dos amados pensamentos ligados!


Num traço de avião, desvendo o teu rosto,
Rosto de nuvem em céu azul, luz do infinito…
Infinito desfasamento de Poalhas em fundo fosco,
Fosco cálice vazio que cala a voz de um grito!

Grito queimado nas cinzas de um cinzeiro,
Cinzeiro apagado de um quarto de hotel perdido…
Perdido por um ardente amor, enamorado por inteiro!
Inteiro o calor de um corço que arde consumido.

Consumido num vasto horizonte sofrido,
Sofrido o sabor amargo, agora encontrado…
Encontrado amanhecer que se dá por vencido,
Vencido pelos versos que galgam o desejado…

Desejado o perfeito acordar do teu sorriso,
Sorriso despertado por um solto e leve beijo…
Beijo molhado, que abre portas a um paraíso,
Paraíso que descalço caminha nas ruas do desejo.

Desejo que chega como chuva dissolvente,
Dissolvente o sentimento que escoa no tempo…
Tempo desprotegido por um vento indolente!
Indolente sentimento que sopra nos cumes do alento!

Alento que se escapa das grutas sombrias
Sombrias trajectórias que ao mar vão desaguar…
Desaguar dos desencantos embalados pelas águas frias
Frias, flutuam nas valsas das marés do marulhar!

Marulhar do embriagado champanhe que demanda,
Demanda os tristes sentimentos despedaçados!
Despedaçados pelo vazio que por ti sinto na varanda…
Varanda dos amados pensamentos ligados!
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FELIZ PÁSCOA!
-Manzas-

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Portal da rocha… penedo do guincho!




O sol rasga os panos do horizonte
Em pacífico brilho de sua magnitude…
Cadenciado ondular que em mar bronze,
Excelsa beleza no marulhar da virtude!

A rocha na ânsia do dia, bebe sedenta do mar,
Firmada num profundo e desigual chão azul …
Cristalizadas águas reflectem o planar,
Das majestosas e imperais… gaivotas do sul!

Em imaculadas vagas de branca espuma,
Esbarram-se emoções no beijar às areias…
Conchas que se abrigam na sombra da bruma,
Salpicadas verdascas das marés cheias!

Dolente fica a velha e dura rocha
Agasalhada no seu perdido tempo…
Moldada pelas maresias, murmura na costa;
-Á beira-mar quero dançar, embalada ao vento!

Resignada, ali fica aprisionada num sonho
Acorrentada á espuma que em seu torno dança…
Saboreando das vagas azuis, mar que bate risonho,
Hospede de um velho penedo que ali descansa.

Abriga no tecto do seu portal, lembranças,
Queixas e desabafos de solitários pescadores …
Empresta sombra a homens, mulheres e crianças
Guarda secretos segredos… salpicos de amores!

Firme e ancorada em salgadas visões
Fixa olhares às estrelas que lá moram distantes…
Furta o luar á lua em noites de constelações,
Chapinhadas pelas caudas das sereias amantes.

Abres asas à imaginação, a quem por ti passa,
E alagas em mim, saudades que por ti sinto…
Revestes-te de magia na fina areia descalça,
Portal da rocha… penedo do guincho!

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-Manzas-