sábado, 26 de junho de 2010

Um tempo… sem saudade!



Na noite escondo o medo

No recanto que só eu sei

Bebo as lágrimas do segredo

Destapo as feridas que não sarei!

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Deixo de mim, pedaços escritos

Memórias que ainda sou refém

Amarro a dor, solto os gritos

Que só eu ouço, e mais ninguém!

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Memórias que me chegam á toa

Mas não me importo que ainda doa

Pois são restos de uma realidade…

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A minha mente ainda chora

De um passado que escrevo agora

Num tempo… sem saudade!

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- Moisés Correia -


sexta-feira, 4 de junho de 2010

Mesmo existindo…

Desperto-me por entre a bruma

Destapo o manto

Envolto na madrugada fria,

Cheiro a brisa… me levanto!

Disperso-me pela geada de alma nua

Arrastado por um leve vento

Em grito de euforia.

Esbarro-me nos muros de pedra dura

Esmago o silêncio

Enraizado por esta dor que teima vencer…

Sem saber como, descubro a cura

Ressuscito-me no eterno das palavras

A cada dia que me sinto morrer!

Corro para dentro de mim

Salto para dentro do meu jardim

Apenas sou mais um, dos que lá entraram

Sou todos aqueles que colheram flores

Sou venenos, sou amores

Sou todos aqueles… que as pisaram.

Misturando-me no tempo

Adianto-me aos sonhos sem adormecer

Com o devido tempo

Abro as portas e janelas do meu ser

Viro as costas, cerro os olhos

Vejo sombras… as minhas sombras!

Um manto de tudo o que a minha sombra cobre,

É medo que se destapa

É ferida que fere e mata

Um céu se encobre…

Que venha rápido o amanhecer!

Atiro as pedras ao charco

Afugento meus fantasmas

Num mar de lágrimas, mar vermelho…

Tento agitar minha calma, minha alma

Mergulhando de cabeça no presente

Aprendendo de novo, a sorrir diante ao espelho.

Ainda me resta uma mão cheia de nada

Um punhado de sementes

Que irei plantar em terras férteis e quentes.

Mais devagar, ou como seta

O importante é chegarmos mais além

O importante é chegar a meta!

Não mais irei caminhar

Medindo a extensão do percurso…

Não mais irei hibernar

Como um tolo ou como um urso!

Vou desatar-me desta sonolência

Deste frio que não me liberta

Talvez ser crente, noutra crença

Talvez ter alma de poeta.

Lutar será o lema!

Escutando cada pedido de socorro de um poema.

Serei o mundo que ainda não alcancei

Viverei apenas pela poesia que ainda não escrevi…

Amar de todo, o que ainda não amei

Hospedar em mim, o sopro vivo da vida,

Porque mesmo existindo…

Eu nunca me achei…

Eu nunca existi!

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-Moisés Correia -