quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Haverá um ano…


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Haverá um ano…

Perdidamente longe…

(que tarda em vir)

Mas que virá, como o canto esplêndido dos pássaros

E virá, como o dia em que se deixaram de ouvir.

Essa contagiante Serenidade em cada amanhecer

Irá de novo, fazer esquecer

Todos os riscos, todos os traços

Deixados pelo mal, de um anterior mundo de papel

De rabiscos Insanos…

Haverá um dia...

Haverá um ano.

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Neste sonho, não haverá espaço para dormir

Nem o tempo paralelo aos carris dos tempos

Onde partiram comboios sem nos levar…

E se o mundo pudesse elevar nos céus

A Liberdade de estar preso a alguém

Ou todos os tesouros encalhados no fundo do mar?

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Já é tempo das pedras florirem!

Até os que se escondem de tudo

Vêem tudo como tudo está para se ver.

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Assim com um poeta olha para lá da visão

Os ponteiros vão andando parecendo recuar

Furtando a luz e a força de uma vida mestiça.

Mas antes de um novo mundo

Antes de um novo começo

Acertemos primeiro o pulsar de cada coração

E das memorias especiais de todos os ontens

Delas apenas rasgar…

Todo o ódio e má-fé

Todo o orgulho e cobiça!

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Prendam nas masmorras do esquecimento

Todo o mal, todo o sofrimento

Pois todos sabemos o que já foi feito

De quem caiu e ficou desfeito

De quem da dor fez seu mar…

Aquele peito que se afundou em dilemas.

Quando a linha da fronteira é clara

Resta-me apenas… penas

E Pequenos dias em noites por acabar

E vou cerrando os lábios num jardim de papel

Onde, por enquanto…

Só florescem poemas.

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Desejo a todos, um ano farto de saúde e paz

E que todas as alegrias, sejam totais e subsistidas!

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- Moisés Correia-

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Então é Natal...

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Então é Natal...

Gira um mundo, adultos e crianças

Em cidades, ruas e lojas

Vestidas de mil vaidades e cores...

Montras coladas

De olhos presentes em lembranças

Ressuscitam a vida em dias

De um ano morto em valores.

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Desembrulha-se de repente no ar

Luzes e efeitos de bondade

Onde tempos e ventos correm frios

Corrupios de sonhos agendados em contramão...

Às mãos de um mendigo

Um pedaço de paz e de(s)igualdade

O brilho profundo de um rosto

Embriagado pela desilusão.

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Então é Natal...

Famílias (por fim) unidas em mesas fartas

De emoções e tradições

Corações e brindes, em taças de esperança...

A fome corre nua

Descalça pelas ruas, nossas matas!

Pára as armas?

Pára a guerra?

Não á presentes nesta terra!

Só o choro de uma criança!

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Uma casa ao lado

Uma lareira faz agasalho

Às preces de quem não pediu...

Tão perto, mas tão distante

Um pedido não se ouve

A mesma sorte não sorriu!

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Sapatinhos cheios de nada

Chinelos de pés descalços

Um mundo despido

Já sem tempo

Já sem hora

O olhar mais profundo da sobrevivência...

Outros…

De jóias enfeitando sorrisos na cara

Desperdiçam exageros

De alimentos jogados fora

O acto mais cruel da humana demência.

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Mas que coisa mais linda!

O desembrulhar dos laços decorados

Em puro afecto e ternura

Um sonho tornado realidade

Aos olhos de uma criança...

E se cada uma

Desembrulha-se nesta quadra universal;

Uma paz, sem amargura

A coerência da humanidade

Um futuro, uma esperança?

Então sim…

Então era Natal!

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Quanto mais vejo, pessoas felizes…

Mais me cego nos outros!

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Bom Natal!

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- Moisés Correia -

sábado, 20 de novembro de 2010

Natureza sem tempo!



Neste planeta onde a natureza chora

Por esquecida ficar, aclama justiça

Floresce da terra orgulho e cobiça

Filhos, frutos da inteligência, ignora!

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Reflicto no mundo, que em reparar demora

Em tudo que mais belo há, nos desabita

De quem o poder tem, pensa lucro, não evita

Pois para reparar, não á tempo… é agora!

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Escassa o tempo que cai como cascata

Em lagoas e represas, puras águas cristalinas

Correndo rios, ondas e mares em crinas

Saciando de uma sede, que nos fere e mata!

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Terá toda a flora, do homem, o seu cuidado?

Por toda a hora arder culpas de consciência

Sem ar, se sufocam seres em sobrevivência

Nesta terra-mãe, onde tudo lhe fora confiado.

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Pois pela mão de Deus, tudo foi criado

Com arte de engenho, amor e mestria

Planeta de papel escrito em poesia

Mas que se rasga se for maltratado!

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A natureza é o melhor espelho de Deus

Onde o homem nem repara, destrói e maltrata

Selvagens atitudes que aos poucos nos mata

Num futuro que pode recusar cuidados seus!

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- Moisés Correia -


domingo, 31 de outubro de 2010

Escuta amigo(a)…


Há coisas que nos lembramos

Que deveríamos esquecer

Há coisas que lamentamos

Que deveriam ser esquecidas, apagadas…

E todas as coisas que esquecemos sem perceber

Há sempre recordações, dias e agonias

Que voltam a ser lembradas!

Momentos indesejados

Pensamentos imperfeitos

Instantes alcançados por uma dor implacável

Que nos derrota com ironia.

Há instantes adiados

Há instantes apertados em cada peito

De todos os seres e sujeitos

Ora rudes, ora afáveis

Que nos faz amar ou odiar

Que faz ser quem somos

Numa vida sem harmonia.

E por fim…

O que resta de mim ou de ti?

O que resta de cada um de nós

Que ocupamos o mesmo chão

Num mundo em contra-mão

No mais puro egoísmo universal?

Estamos sempre a tempo de mudar e lutar!

Atingir a plenitude de cada um de nós

Com a força de um grito que não sai

Dar a palavra a quem não tem voz

Estender a mão a quem tropeça e cai…

E apagar com a borracha do tempo,

A quem disse ou nos fez mal.

Volta ao mundo como nasceste

Despe o ódio que te veste

Aprende a sofrer sorrindo

E ensina a sorrir os que a teu lado sofrem.

Segue o caminho dos teus sentidos

Caminha sentindo a terra aos pés…

Transforma um pesadelo, num sonho lindo

Ressuscita a mente dos que morrem

E volta a ser quem és!

Ajuda a caminhar o cego que não quer ver

Solta da prisão, um coração que quer partir…

Procura num (não) entender

As razoes indistintas das coisas

E pinta no teu quadro, um mundo de novas cores

O (sim) que a vida tem para se colorir!

Não deixes que a tua porta se feixe

Não deixes que a tua alma aceite

Tormentos que a cada dia te tomba!

Vai á luta com as mãos que Deus te deu

Acende de novo a chama que em ti se perdeu!

E mesmo assim…

Ainda que toda a luz de ti, pareça fugir

Ainda que o sol do teu mundo, teime em se extinguir

Eu estarei sempre aqui…

E serei a tua sombra!

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- Moisés Correia -

domingo, 17 de outubro de 2010

Eternamente…


Na loucura desenfreada

Que desgoverna minha mente

Habita a tua alma entalhada

Em amor transcendente

Que me faz sem voz dizer

A palavra mais difícil de se pronunciar.

Embora por fora seja de aço

Só o abraço de um beijo teu

Derrete e apaga este fogo

Que em mim se acendeu

Ao encontrar no sorriso do teu olhar

Essa voz meiga e inebriante

Que se ouve de forma constante

Dentro do meu coração.

E desde então…

Não paro de te amar!

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- Moisés Correia -

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Pressa de viver!


No olhar preso do tecto do meu quarto,

Renasço do rescaldo

De um tempo morto

Quando não mais senti

Esse fogo desumano

Que em meu corpo era estranho.

E ao renascer dos escombros,

Carrego agora em ombros

Mil pesos de vontades

Viajantes na leveza dos ventos,

Sobrevoando barcos encalhados

No mar de gritos afogados em tempos!

Abro os braços á brisa que passa

Venço medos pelo cansaço

Desato os punhos, destapo a boca…

Da tristeza, faço graça

De sorrir, já não passo

Vivo com a força de uma corrida louca!

Passo a ponte, subo o monte

No horizonte,

Um poema de estrelas com versos de vida

A melodia no verbo amar…

A tudo quero chegar cedo

Do escuro, já não tenho medo

A nada me quero atrasar.

Tenho pressa de sair

Fugir do mundo sem me esconder…

E a quem no meu caminho se meter

O perdão, não vou pedir…

Pois tenho pressa de viver!

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- Moisés Correia -

domingo, 5 de setembro de 2010

A beleza das coisas!


A beleza das coisas

Entre outras tantas belezas

É um nascer e pôr de sol,

Num parecer de sobe e desce

Quando a terra se mexe.

A beleza da paisagem,

É o espelho de uma viagem mental

Onde a natureza natural das coisas

Se reflectem em cada mente

Destapando novas cores

Novas raízes, novos céus

Onde os sonhos voam

E se misturam com as aves.

Tudo passa a ser uma porta

Aberta ou fechada,

O trinco da arte

Onde a imaginação é a chave!

Quanta beleza reside dentro de um coração?

De que cores se pintam quadros de ventos?

Não existe razão das coisas

E da eternidade dos tempos!

Passa tão perto e distante,

O toque, a voz de uma criança

O silêncio, um abraço amigo

Um socorro, um pedido

A beleza de uma planta…

Um olhar que não se lê

Uma mão que distrai

Enquanto a outra faz magia

Um truque que não se vê

Mas a viva nos encanta!

O caminho de uma noite

Uma luz, um clarão de tempestade

Pensar que o dia não mais tem uso…

Deixar tudo para traz

Recordações que nos deixam

A pensar o que fazer com elas,

Abstraindo cada um

De viver ou fazer uma história.

E a meio do caminho…

De novo se encontra o percurso!

Todas as coisas têm a sua beleza

E a beleza das coisas

Está onde estamos…

Está onde nunca reparamos!

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- Moisés Correia -

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

O teu jogo!


Sem regras e normas

Duelos amantes

O frente a frente

Um olhar de partida…

Movem-se os peões

Corações, diamantes

Num jogo lançado pelos dados da vida.

Um passo para a frente

Dois para traz

Tabuleiros de leis

Sem pés nem cabeça…

Vitorias

Derrotas

Sorte

Azar

Tanto faz,

Se tudo o que se joga

É aquilo que nos resta.

Esse teu jogo…

Não jogo!

Queres jogar com todos os meus medos

Como peões num tabuleiro de segredos?

Esse teu jogo…

Não jogo!

Ganhar ou perder

É um quebra-cabeças

E se tudo é um jogo

Então…

Recolhe as peças!

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- Moisés Correia –

terça-feira, 13 de julho de 2010

O lago!

Um barco parte para parte nenhuma

Desnorteia-se solto num lago sereno…

Que já não se encontra de forma alguma

De tão grande… ser pequeno!

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Com ele, leva a loucura e o meu senso

Que encalhados ficam, numa margem mais além…

E fico lutando contra uma força que já não venço

E fico desatando… um amor que ficou refém.

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O tempo passa forte, perco o norte, perco a calma

Lago de ventos e prantos, mantos de um charco…

Onde irei render as forças da minha alma

Ou tão-somente…apodrecer como um barco!

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- Moisés Correia -