segunda-feira, 25 de junho de 2012

Realidade







Na imensidão do céu

A tua luz, de mim se esconde

Procuro-te sem saber onde

Sem saber se me ouves

Quando chamo por ti.


Em mim, eu sempre te guardei

Neste peito onde trago

Poemas que escrevi em segredo,

Debaixo do céu onde habito.

Lá no alto te procuro

Na imensidão do escuro,

Arrasto os pensamentos

E viajo pelo tempo

Sonhando sem ter medo.


Na imensidão do céu

Não encontro respiração.


Procuro-te nas ruas

Entre os truques do desejo

Entre as estrelas e o mundo

Entre as palavras de um livro aberto.

Vejo apenas páginas vestidas de branco

Uma cidade sombria e nua

Um céu despido de estrelas,

Uma tremula luz de vez em quando.



Esta noite, já não há sonhos!

Nem viagens, nem miragens

Nem desejos, nem contos,

Apenas um céu de verdade.


Nunca eu me senti tão longe

Nunca tu estiveste por perto

Toda a luz de mim se esconde

Na tamanha imensidão da realidade.




- Moisés Correia -

quarta-feira, 28 de março de 2012


Raio de sol



Um raio se sol
Invadiu a nossa cama,
Extasiando-nos
Nos esteios das horas...
Entre beijos intensos
Que tanto adoras
E abraços imensos
De quem muito ama.

Entrou ligeiro, sorrateiro,
Envolvendo-nos sem demoras
E sorriu-nos
Num ar eloquente da sua chama...
Incendiando a pureza
Da nudez que inflama
Teus olhos vestidos
Das lágrimas que agora choras.

Não vês meu amor...
Que o sol que acordou o nosso ninho
Nem sequer reparou no vasto desalinho
Do feliz conforto
Do nosso leito?...

Não sofras
Por o sol te ter visto nua,
A tua alma
É tão branca como a da lua
E só ele, depois de mim...
Possui esse direito!


- Moisés Correia -

segunda-feira, 5 de março de 2012


Sopro de amor



O teu amor...
Espreitou-me por entre as vidraças da vida
E sem pedir, entrou num forte sopro de vento
De forma estranha e violenta,
Por entre as fissuras
De uma janela mal fechada.

Desarrumas-te todo o meu destino!

Arrancas-te das velhas paredes do meio peito
Todas as telas pintadas,
Todos os quadros de sonhos
Que tinha guardado com jeito,
Pendurados nas asperezas do tempo.

Levantas-te do chão todo um pó de dor!...
Amor empoeirado por ti caído,
Sofrido e acamado, esperançado no amor.
Amotinaste a minha alma num ledo engano
E depois saíste como entrastes...
Num sopro de vento violento e estranho.

Agora...
Apenas ficou um rasto de alento de que zombas
Vincado pelo teu sopro de vento violento e estranho,
Escrito no epitácio da minha sepultura,
O meu quarto de sombras...
Minha cova escura.


- Moisés Correia -

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012


Teimosia



Escrevi o teu nome
Sobre a areia do mar,
Mas o mar, de pronto o levou...
E eu volto a tentar, insistindo,
Como insistem as ondas em levá-lo.

Uma nova vaga voltou,
E disse-me na inquietude da maresia;
-Tudo é vão, tudo passa um dia,
Nada será eterno do que é mortal.

 Repliquei também em ira;
-Nem tudo fica, nem tudo some!
Irei escrever o teu nome
Sobre a areia ou sobre o mar,
Sobre os céus e a terra,              
Em sonhos ou em morte,
Mas escrito há-de ficar
E o meu amor por ti permanecerá...
Eternamente mais forte!

- Moisés Correia -

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

O beijo





O beijo que te dei
Foi puro e perfumado,
Foi doce, demorado,
Por fim eu te beijei!

Já nem me conheço agora!

Será que fiz bem?...
Será que fiz mal?...
A minha alma arde agora
De forma transcendente.

Há muito que meus lábios sofriam
Por este bem tão ausente
Que me sinto neste instante, morrer
Pelo estado em que fiquei.

Eu, que sempre vivi
Com esta crença de esperança perdida
Vivo agora só, nesta incerteza
Onde a minha alma se desfaz de pranto
Tão longe desse beijo
Tão cheio de encanto.

Sinto-me a morrer de paixão
Desse beijo passado
Bem presente em minha mente.
Sinto que não mais vá conseguir
Estancar esta ferida.

Por todas as caricias ausentes
E pelos beijos que agora te dou...
E que tu já não sentes...
Preferia ficar a desejar
Esse beijo por toda a vida.



Gostaria de partilhar convosco
esta minha alegria,
e do fundo do meu ser,
agradecer a todos
Pelas  306 207 visualizações de páginas
Deste Blogue, desde 12-06-2008.

O meu muito e sincero OBRIGADO!

BEM-HAJAM


- Moisés Correia -

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Vontade




Há tantos espaços em branco,
Outros negros, ocupados...
Tentativas de uma vida não vivida
Com os fantasmas de todos os dias,
Num céu de estrelas sem significado.

Fantasmas, quem não os têm?
A mente que os sustenta,
Nega a sede e a fome
No medo que consome,
O cansaço sem paz
Tatuado na pele.
De tantas batalhas perdidas,
De tantas palavras escritas
Com cor de tinta igual,
Tento ser normal, invisível,
E passar despercebido entre eles.
Ontem, já morreu, já passou!
Amanhã, ninguém sabe se vai existir,
Nada muda, ainda nada aconteceu...
E hoje, certamente...
Que não será um bom dia para desistir.

Hoje...
Nasceu esta imensa vontade
De ser quem não sou...
Não por ser o que sou,
Mas por querer ser melhor ainda.
A vontade de viver hoje é tanta…
Que não sei se algum dia irei morrer.



- Moisés Correia -