quinta-feira, 29 de abril de 2010

Um dia de Outono!


Num crepúsculo dourado de Outono

Sou folha seca

(como qualquer outra)

Que se desprende do tempo

Solta-se ao mundo,

E num cair profundo

Voa sem rumo, na boleia do vento.

Plano suavemente…

(aparentemente)

Na mente, um abandono.

Hoje… já nem me recordo da cor do céu!

Hoje busco um chão com outro alento!

Reencontro alguém

Lá bem distante, lá mais além…

O meu eu!

Um sol brilha sem força

(também ele só)

No silêncio contraído dos pássaros,

Voa alto o lamento …

Soa o silêncio sentado em mim

Num banco de jardim

Sofrido e sombrio.

Uma árvore se desnuda muda

Na ilusão de uma outra estação,

E adormece…

Adormece num quadro pintado a pastel

Seco, agastado…sem brio.

Sopra uma brisa sem ar em alto mar,

Mar encrespado em agonia,

Como noite que espera o dia.

Hoje sou barragem sedenta de margens!

Hoje sou um turbilhão há deriva num rio!

Rio inquieto, que frio corre deserto

Em busca de novas paragens.

Mergulho no cinzento-escuro dos dias,

Uma madrugada se agasalha

Com o seu manto de pranto e neblina

Onde um barco ruma parado

Na saudade das viagens,

Ancorado á sina de uma chuva repentina.

Mas a alma se renova ao cair de cada folha!

Haverá sempre outros sons, outros tons

Outras chances e nuances

Neste clima de cores sem flores

Onde quase tudo seca e cai…

Como os amores que nos destrói a vida!

O seco da paisagem,

Brilhará com uma nova cor…

Uma folha caída, na sua despedida

Fortalece as forças

Para que brote de novo, o amor em flor.

Hoje…

Hoje, sou um frio farto,

Um tempo… uma época sem escolha!

Hoje… sou um sol pequeno e fraco,

(e dele se quer tanto!)

Serei apenas uma qualquer estação,

Ao qual não mando

Ao qual não sou senhor nem dono…

Hoje não serei Inverno nem Verão

Nem Primavera no seu encanto,

Hoje serei simplesmente …

Um dia de Outono!

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Participação da 1ª postagem colectiva

Com o tema “Outono”

No blogue Espaço Aberto.

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http://um-blog-para-todos.blogspot.com/

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Para todos, um grande bem-haja!

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- Moisés Correia -

domingo, 18 de abril de 2010

O eco da tua voz.


Neste mar revolto,

Mar de vagas altas e sós

Flutua solto um momento detido

Que bem fundo, intimamente perdido

Se afunda calmamente calado

Por nessas mesmas águas ter ousado

Beber da sede da tua voz.

Em goles pequenos, bebi de nós

Bebi, e vim há superfície de mim

Neste sufoco, neste inquieto frenesim

De respirar entre as ondas ordenadas da vida

Esse fôlego ondulado, envolto em poesia

Que me fez tragar a ânsia

Da voz embargada e rouca

Onde pouco ou nada sai da boca.

Já pouco ou nada sai de nós!

A não ser na mente… o fugir urgente.

Fico ausente!

Na distância… o vazio,

Um silêncio, um adeus calado e frio.

Serei neblina somente nesse mar alto

Serei vento, e lento parto

Por entre as fortes correntes do (a)mar

Onde não mais sei flutuar.

E o que será de nós?

De nós…

Somente ficará … o eco ta tua voz.

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- Moisés Correia -

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Enquanto escrevo…


Enquanto escrevo, tudo lembro, tudo esqueço!

Tudo vem, tudo se apaga…

Seja a história sem memória

Seja bomba ou granada

Sigo sozinho o caminho, minha estrada

Neste sol em que me aqueço

Neste mar de entorpeço…

Enquanto escrevo, tudo esqueço.

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Enquanto escrevo, tudo melhora!

Um céu fica a descoberto…

Toco a lua, numa carícia tua

Beijo as águas do deserto

Do destino, fico longe, chego perto

O universo nos pertence agora

A cada instante, a toda a hora…

Enquanto escrevo, tudo melhora.

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Enquanto escrevo, sinto-me bem!

Tudo se transforma em paraíso…

Sem pudor de sentir o amor

Colho a cada flor, o teu sorriso

Deste jardim que cuido e preciso

Como vicio que me mata também,

Mas vícios, quem não os tem?

Enquanto escrevo, sinto-me bem.

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Enquanto escrevo, o amor transpira de mim!

Todo um mundo gira e faz sentido…

Dos canaviais, vislumbro o cais

Zarpo rumo ao mundo desconhecido

Qual caravela sem vela, achado ou perdido

Corro num espaço sem limites, chego ao fim.

Paro, olho, observo-me sentado aqui…

Enquanto escrevo… penso em ti!

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- Moisés Correia -

terça-feira, 13 de abril de 2010

Um dia… quando eu morrer!


Um dia… quando eu morrer,

Que seja breve e a sorrir

A teu lado a dormir

Sem nenhum qualquer sofrer…

Nesse dia irei saber

Se algo mais vou sentir

A não ser no meu partir,

Sofrer a dor do te perder!

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Sem saber como e quando ir,

E se aos céus irei subir

Junto a ti irei permanecer,

Como um anjo, para te proteger…

Pois sei que um dia,

Todos teremos que nos despedir

Mas que tarde se decida a vir,

Esse triste acontecer.

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Apesar de saber-mos

Que tudo tem principio, meio e fim

Todos nós dizemos;

- “Não quero o terceiro para mim!”

A menos que acreditemos

Na vida depois da morte.

Um dia… quando eu morrer,

Estarei para sempre junto a ti

Porque neste nosso amor imortal

Onde muitos dizem mal,

Teve princípio e meio…

Mas nunca terá fim!

Na hora de me despedir

Ao ver tua lágrima cair…

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Que deus me faça de forte

Que deus me dê tal sorte!

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- Moisés Correia -