quarta-feira, 28 de março de 2012


Raio de sol



Um raio se sol
Invadiu a nossa cama,
Extasiando-nos
Nos esteios das horas...
Entre beijos intensos
Que tanto adoras
E abraços imensos
De quem muito ama.

Entrou ligeiro, sorrateiro,
Envolvendo-nos sem demoras
E sorriu-nos
Num ar eloquente da sua chama...
Incendiando a pureza
Da nudez que inflama
Teus olhos vestidos
Das lágrimas que agora choras.

Não vês meu amor...
Que o sol que acordou o nosso ninho
Nem sequer reparou no vasto desalinho
Do feliz conforto
Do nosso leito?...

Não sofras
Por o sol te ter visto nua,
A tua alma
É tão branca como a da lua
E só ele, depois de mim...
Possui esse direito!


- Moisés Correia -

segunda-feira, 5 de março de 2012


Sopro de amor



O teu amor...
Espreitou-me por entre as vidraças da vida
E sem pedir, entrou num forte sopro de vento
De forma estranha e violenta,
Por entre as fissuras
De uma janela mal fechada.

Desarrumas-te todo o meu destino!

Arrancas-te das velhas paredes do meio peito
Todas as telas pintadas,
Todos os quadros de sonhos
Que tinha guardado com jeito,
Pendurados nas asperezas do tempo.

Levantas-te do chão todo um pó de dor!...
Amor empoeirado por ti caído,
Sofrido e acamado, esperançado no amor.
Amotinaste a minha alma num ledo engano
E depois saíste como entrastes...
Num sopro de vento violento e estranho.

Agora...
Apenas ficou um rasto de alento de que zombas
Vincado pelo teu sopro de vento violento e estranho,
Escrito no epitácio da minha sepultura,
O meu quarto de sombras...
Minha cova escura.


- Moisés Correia -