terça-feira, 30 de março de 2010

Esta paixão…


Esta paixão que de repente me surgiu

Sem saber bem como, ou porquê…

Corre-me no sentimento, como as águas de um rio

Pelas veias a frio, correntes de mar que não se vê.

Esta paixão é como barco á deriva

É passagem sem entrada, estrada sem saída

O cume da mais alta montanha por escalar…

Esta paixão é como cavalo á solta

É filho que parte e não volta

É criança que dá cambalhota

Um sorrir perfeito, no peito, um coração a sangrar!

É canção que me traz perfume

É num olhar, ver um mesmo querer

É sem ter, sentir ciúme

É viver imortal e por paixão morrer!

Porquê tanto querer se não se diz?

Porquê tanto desejo envergonhado?

Se o lamento do nunca fiz,

É sempre o mais desejado?

É nesta paixão que me faz de perto ser ausente

Quando te olho severo e de frente,

Fingindo ser o que somos…

Mas com igual paixão me olhas fria

Com essa distancia que me alivia

Sonhando assim, nem que por um só dia

Vivermos o que nunca fomos!

- Moisés Correia -

terça-feira, 23 de março de 2010

Morrer, sem viver… o pecado!




Uma noite adormece no fundo da rua


Uma fé abandona o seu entender


De uma janela entre aberta


Vejo meu mundo forte, sem norte, morrer

.



Uma rua de gente fica deserta


Um homem se olha num olhar vazio


Lamentam-se vitórias, gritam-se derrotas


Campos de batalhas, espadas a frio

.



Um sol se perde encostado ao mundo


Sonham os sonhos de olhos abertos


Lamento encostado a meu ombro


Viagens, sem partidas e regressos

.



Um riso zomba de sentidos sentimentos


Restos de amor ficam perdidos no chão


Provam-se venenos, mordem-se as pedras


Aprende-se a calar, a dor numa paixão

.



Um cais pede ao barco que não parta


Bem fundo da alma, ouve-se o mar chamar


Segura-se um coração, que um dia rebenta nas mãos


Num secreto adeus, ao verbo amar

.



Sei que não sei se mereço… grito aos ventos


Sei que tudo se (a)paga, no preço, entorpeço


Entre degraus e patamares dos sentimentos


Levanto-me a cada passo, na certeza do incerto

.



Para quê o universo, se já pouco me conheço?


Para quê querer a chave, se a porta está aberta?


Para quê querer um mapa, se o tesouro está na mão


Para quê querer chegar, se não sei onde é a meta?

.



Quem me furta, das noites, as tormentas?


Quem me diz, que nem tudo é um deserto?


Quem me apaga da memória a história?


Quem me diz que cheguei, ou já estou perto?

.



Um homem chega ao túmulo da recordação


Fecham-se os olhos, um céu fica cerrado


Enterra-se um poeta nas terras da paixão


Morre-se, mas com honra… sem viver o pecado!

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Obrigado a todos pelas visitas

E comentários… bem-hajam!

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-Moisés Correia-

sexta-feira, 12 de março de 2010

Um sonho de criança!


Bom dia!

Disse-me um sol que nascia,

Caminho, recuo

Entro, admiro…

Aromas respiro…

Mas que jardim é este que nunca vi?

Cada passo, o aroma do céu

Cada olhar, os olhos de uma flor

A cada cor, calmamente vivo.

Que bem que me sinto!

(há muito que não me sentia assim!)

Uma brisa suave me toca na pele

A cascata me chama;

- Vem, aproxima-te!

Bebe da minha fonte

Saboreia o horizonte.

Mas que fresca água bebi!

(há muito que não me sentia assim!)

Parece ter entrado num quadro

De paisagem assimétrica

Pintado a pincel.

Um paraíso…

Um arrepio na pele!

Neste jardim tudo respira

Tudo é lindo

Tudo vive

Tudo rima.

(eu chamar-lhe-ia o jardim da poesia)

Debruço-me sobre o espelho do lago

A água sorriu para mim…

Mas que dia!

Mas que jardim!

(há muito que não me sentia assim!)

Uma borboleta pousou no meu ombro

Da cor do céu e de mar.

Levantou voo

E no ar dançou para mim.

Rodopiava como um pião

Cantando-me uma canção,

Fez das flores um palco

Iluminado pelo pólen que no ar,

Pareciam pequenas estrelas em pó

Cintilando de emoção!

(Nunca tinha visto nada assim!)

O chão que pisava

Era relva veluda,

A vida animal dançava em sintonia

A vida vegetal sorria

Imune ao resto do que do mundo se passava.

Um jardim de beleza única

Onde quem lá entrar

A vida muda,

A felicidade perdura

Em perfeita harmonia

Com a perfeita melodia do silêncio,

Do bem,

Do querer viver,

Do querer sobreviver…

E penso…

(Nunca tinha sentido nada assim!)

Os braços de uma árvore me tocaram

E baixinho me chamou;

- psst, psst, não tenhas medo…

Sou a árvore dos desejos!

E disse-me;

- Se comeres um fruto apenas,

Terás tudo o que pedires…

Pede, não tenhas medo,

Come, saboreia, e pede o teu desejo!

Fiquei pensando para mim…

Como, não como,

Peço, não peço…

(porquê eu… porquê a mim?)

Com tantos meninos no mundo

Que no fundo,

Não entraram aqui…

Mas enfim…

A fome me fez pedir…

E pedi!

Pedi para que não me acordassem deste sonho,

Pedi para que o mundo todo fosse assim

Pedi para…

Que não fosse mais do que os outros,

Nem os outros mais do que eu!

Afinal…

O que eu pedi mesmo,

Foi que todos pudessem dizer;

- Mas que lindo jardim,

Nunca tinha visto…

Nem sentido nada assim!

-Moisés Correia-